quarta-feira, 29 de abril de 2009

No mesmo instante em que Naillil falou, houve um estrondo no closet do quarto de Alil, que espantada, correu para lá. Naillil foi logo atrás dela, mas acabaram chegando juntas. O closet, que sempre foi escuro, agora tinha um arco de luz vermelho, que ofuscava os olhos das jovens. Naillil voltou correndo, apavorada, e, embora sem medo nenhum, Alil foi atrás dela. Não para fugir, mas para encorajá-la. Após um curto tempo de conversa, Alil convenceu sua amiga de entrar no portal desconhecido. Nailil, sempre detalhista, percebeu que o portal havia sugado toda a energia elétrica do local, e apenas seu relógio de pulso de energia solar, com um pouco de bateria, funcionava. Eram 9 horas da noite, e Nailil já tinha entendido. Mas quiz continuar olhando para poder atrasar a entrada no portal. Alil percebeu o que a amiga queria, e no mesmo impulso que jogou o relógio no chão, puxou Naillil para dentro do portal.

SLOOOMP! - Foi o som que a passagem pelo portal produziu.

- Acho que estou cega ... - Disse Naillil.

- Deixa disso!! Abra os olhos, sabe como é, fica mais fácil enxergar assim ! - Zombou Alil.

Naillil abriu os olhos com cuidado. O ambiente era escuro, e faíscas de luz vermelha indicavam alguma direção. No canto de cada faísca, havia uma cor nova, uma cor nunca vista. Naillil sempre foi fascinada por cores, e agora ela teria descoberto algo totalmente importante. Lamentou não ter levado sua máquina.

Hesitantes, as jovens continuaram o caminho, sem saber se aquilo fazia algum sentido. Do nada, as luzes pararam. Naillil, que já estava em pânico, começou a gritar. Tudo clareou. O que era preto, passou a ser branco - mas não por muito tempo. Quando o local voltou a escurecer, uma forma de contorno vermelho foi surgindo ao longe, e se aproximando. Brevemente, a forma já estava a frente das adolescentes.

- Vocês. - Sussurrou o desconhecido, na mesma língua do cartão.

- O que temos nós? O que é tudo isso? O que você fez com nossos olhos? O que você quiz dizer com "Caminho do mal"(a mensagem do bilhete, traduzindo)? - Naillil iniciou o questionário. Não se deu conta, mas falava na mesma língua do bilhete e da forma desconhecida.

- Oh meu deus! E o que você fez com nossa linguagem?! - Berrou Alil, agora que todos, inclusive ela, falavam a mesma língua.

- Se me deixarem explicar, entenderão tudo. - Disse o desconhecido.

- Era só o que me faltava!! Um maluco, cheio de onda e ainda de poucas palavras - Indignou-se Alil.

- Se eu fosse você não falaria com tanta audácia - Ameaçou o desconhecido.

No momento, um pequeno choque tomou conta do corpo de Alil. Ela se arrependeu profundamente das palavras que havia dito, e gritou, caindo no chão. Naillil aproximou-se, e tentou entender o que acontecia. Olhou com um olhar de "o que está acontecendo?" para a forma.

- Me chamo Afatalix, na sua linguagem, "Demo Supremo". Depois das Guerras mundiais, de atentados terroristas, ninguém mais proporciona o mal. Imagino que tenham medo das consequencias. Mas, se vocês, Alil e Naillil, toparem suprir todos os meus desejos, serão muito bem vistas.

- Tá louco! - Gritou Alil - Me desculpe, mas você me dá um choque, nos tira da nossa dimensãozinha bonitinha, e ainda nos submete a fazer o mal? Isso realmente, não é coisa de gente normal.

- Realmente. Eu não sou gente, muito menos normal. - A forma agora destacou-se do escuro, e as garotas puderam ver sua face, se aquilo fosse uma face. Horrenda. - E vocês, se toparem, não terão nada a perder, só a ganhar: Ganharão alguns poderes iniciais, mas a partir do seu desempenho no caminho do mal, ganharão mais; Ninguém saberá quem será vocês; Deixarão sua vida pra trás, isto é, todas as mágoas, tristezas e até felicidades serão apenas lembranças, e se desejarem posso até apagá-las; Dinheiro para planos que exigirão mais desempenho; e a quantia de trinta e sete bilhões, quatrocentos e sessenta e seis milhões, duzentos e setenta e oito mil, quatrocento e oito reais e cinquenta e nove centavos será colocada na poupança de cada uma das suas famílias, para que elas não sofram dificuldade financeira.

- E se não aceitarmos também não perdemos nada. Então, não aceitamos, deixa nós voltarmos para o nosso mundinho normal - Disse Alil, já estressada, levantando-se.

- Nada disso. Se não aceitarem, vocês morrem. Ou tudo, ou nada, a morte. - Falou com um tom de simplicidade, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

- Isso é aterrorizante. - Sussurrou Alil para Naillil - Isso parece muito mais um pesadelo, embora não consiga acordar.

Foi quando ela sussurrou para Naillil, que percebeu como os seus olhos brilhavam em direção a sombra. Sem sombra de dúvida, ela estava deslumbrada, não pelas vantagem de fazer aquilo, e sim por fazer aquilo: fazer o mal. Indignada, Allil tentou entender o que a amiga estava sentido.

- Isso é maravilhoso! - Explicava Naillil - Você fugir de um mundo que não te aceita do jeito que é, que te põe em fôrmas, como de bolo, para você ser igual a todos, e só querer o bem. Não foi isso que sonhei pra mim. Queria que tudo fosse diferente. Por que seguir o mundo, se eu posso ter meus próprios princípios? Poder se vingar do mundo inteiro que sempre te fez parecer a mas burras das lesas, a mais feia das retardadas é... - suspirou - perfeito. E além do mais, ter a oportunidade de esquecer tudo que aqueles aos quais você mais amou na vida te fizeram de mal, e te deixaram marcas profundas, jamais curáveis, não é só perfeito. É mais que isso. Deve haver uma palavra nessa linguagem que explique.

- Olik. - Falou satisfeito o Demo Supremo.

- Eniveb Nisé Sod Olik. (Tudo isso é "mais que perfeito") - Afirmou Naillil.

- A partir de agora, você é a "Super Demo".

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