quinta-feira, 19 de junho de 2008

13- Sobreviveu?


"SD Jr. sempre me garantiu que nada tinha saído errado daquela vez, já que depois da história de Margarida nós só andamos piorando. E é a prova disso o Severino ter sobrevivido! Imagina, que atrevimento: Nós mortos, e ele vivo!
Já estavamos com a paciência cheia do céu, mas não sabiamos ao certo o que fazer na ocasião. Enquanto bolavamos um plano para escapar do céu e voltar a vida, tinhamos que nos divertir, já que afinal, ninguém é de ferro.
Eu tenho andado meio destraído esses dias. Depois que comecei a receber bilhetes anônimos, não paro de me cutucar pra tentar descobrir o autor. O primeiro era um bilhete simples: ' No dia em que te vi, percebi que só há luz no sol, por que ele se inspira em você'. Achei que fosse São Pedro reclamando das nossas últimas mancadas me iludindo. Mas recebi outra, e percebi claramente que não era ele: ' Está chovendo muito, vou pensar em você para me aquecer '.
O bom de ser citado era que eu sempre encontrava os bilhetes sob a mesa de jantar celestial, na frente da minha cadeira.
Aos poucou fui me infiltrando na vida deste ser secreto, que começou a se identificar como 'Anjo Loiro'. Já sabia algumas coisas, mais era impossível descobrir quem era. Ele parecia me conhecer bem, sabia de minhas antipatias, só não dos meus gostos.
Me mordia de ansiedade, pois estava prestes a encontrar o 'Anjo Loiro'. Não demorou muito e um ser se aproximava de mim.Coberto por uma capa branca e um sorriso metálico, não destingui até que chegasse a mim: Era ele! Magro, vivo, nem um pouco anjelical, nada loiro, moreno, baixo e feio. Não restavam dúvidas, era o Severino, meu antigo professor de matemática.
Consigo, ele trazia um esquadro e antes que eu calibrasse qualquer movimento, ele foi logo falando: 'Mesmo você tentando me matar, nunca vou deixar que você se apague da minha mente. Eu amo a matemática. R-E-T-I-F-I-C-A-N-D-O, eu te amo'.
Veja se era possível, passei mais de uma semana com esta pessoa na minha mente e quando chego lá, nada mais é que um retardado vestido de gente.
Pedi pra ele me ensinar matemática, com os esquadros. Não entendi nada, e não era pra entender. A única coisa que eu entendi, afinal, foi: Quando uma pessoa está muito concentrado num compasso afiado, você pode empurrá-la que o compasso perfurará perfeitamento o seu rosto."

;;